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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

ISA promove canoada de adeus ao Xingu

Represado, desviado, impactado: um dos rios mais lindos do país deixará de existir como é para dar lugar a polêmica Hidrelétrica de Belo Monte. Para se despedir da paisagem que já está sendo definitivamente transformada, o Instituto Socioambiental (ISA), junto com a Associação Indígena Miratu Yudjá Xingu (Aimyx), promovem a canoada Bye Bye Xingu, que percorrerá durante 5 dias os 102 km da Volta Grande do Xingu.

Participam da canoada grupos atingidos pela construção da maior obra em andamento no país, como indígenas, pescadores e ribeirinhos. Ativistas de várias partes do país também farão parte. O objetivo, além de ser um protesto, é discutir o futuro da região.

Largada

A largada será dada na manhã desta segunda-feira (08), mas a preparação começou neste domingo, no Centro de Formação Bethânia, espaço que pertence a Prelazia do Xingu e fica a 7 km do centro de Altamira. Neste local, a organização reuniu os guias que orientarão os participantes da expedição. As canoas serão guiadas por indígenas, ribeirinhos e pescadores experientes na navegação no Xingu e recorrerá 112 km.

Os participantes se reunirão a partir das 6h30 desta segunda-feira no porto de Altamira. De acordo com a programação, durante os três dias de remadas, as canoas passarão em frente a barragem principal do rio e ao sítio Pimental, canteiro de obra onde está sendo erguida a casa de força secundária da usina e ao lado do mecanismo de transposição terrestre de barcos, que tem sido avaliado como um transtorno para as comunidades afetadas.

Além disso, a canoada também passará próxima a Terra Indígena Paquiçamba, território do povo Juruna e também vai beirar a região da cachoeira Jeriquá, um dos mais belos trechos da Volta Grande, formado por cachoeiras, pedrais, bancos de areia e ilhas.

Rodas de conversa sobre impactos da hidrelétrica em Terras Indígenas, alternativas energéticas e o futuro da Amazônia vão acontecer todas as noites durante a expedição. A primeira delas vai contar com a presença do ambientalista do Greenpeace Ricardo Baitelo.

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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Desmatamento consolidado: um pouco acima da estimativa

Demorou mas saíram hoje os dados consolidados do desmatamento na Amazônia Legal, que atualizam os dados preliminares, divulgados no final de 2013. A taxa revisada aumentou ligeiramente e mostra que foram desmatados 5.891 km², contra 5.843 km² que se acreditava anteriormente, um aumento de 1%. Apesar do aumento, esse desmatamento ainda é o segundo mais baixo da história da Amazônia Legal, desde que a região começou a ser monitorada pelo INPE em 1988 (veja na tabela abaixo).

Pará e Mato Grosso lideraram o desmatamento no período em números absolutos, com 2.346 km² e 1.139 km² desmatados, respectivamente. Porém, a variação de aumento de área desmatada de um ano para o outro mostra que Mato Grosso e Maranhão são os vilões da lista, cada um aumentou o desmatamento em 50% em relação a 2012.

Acre e Amapá foram os dois únicos estados que conseguiram diminuir o desmate no período entre 2012 e 2013: o Acre diminuiu 28% e o Amapá 15%.

Desmatamento Anual: Amazônia Legal 1988 a 2013

Km²19881989199019911992199319941995199619971998199920002001200220032004200520062.007200820092010201120122013050001000015000200002500021050177701373011030137861489614896290591816113227173831725918226181652165125396277721901414286116511291174647000641845715891

Calendários

Desde 2008, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) faz um esforço para divulgar os dados preliminares do desmatamento no final do ano, durante ocorrência de alguma COP do clima. A tradição de manter um calendário de divulgação começou na COP de Bali (COP-13), ainda durante a gestão de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente.

A divulgação dos dados consolidados não contam com o mesmo costume. Os dados não têm mês certo para sair. Já foram divulgados em agosto, abril, outubro e, nos últimos 2 anos, o governo começou a publicar os dados de validação durante o dia 5 de junho, dia do meio ambiente.

O calendário parecia estar fechado: divulgação do dado preliminar durante as COPs, divulgação da validação em junho. Falso. Após a data não ser respeitada esse ano, o Instituto Socioambiental protocolou ofício requisitando aos ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clélio Campolina Diniz, e do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, acesso aos dados consolidados do Prodes, referentes ao desmatamento de 2013, e aos dados do Degrad referentes a 2011, 2012 e 2013. Assim, foi dado abertura para especulações sobre os números consolidados e o porquê do governo não divulgava logo o número.

Agora, as atenções se voltam para os dados mensais. Tanto o Sistema Deter, do INPE, quanto o Sistema SAD, do Imazon, apontam tendência de alta do desmatamento para esse ano. O número oficial do desmatamento anual sai em novembro, durante a COP de Lima (COP 20).