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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Rio: preparativos para a caminhada pelo Clima

Uma escultura de areia chama a atenção na Praia de Copacabana. Criada pelo artista Rogean Rodrigues, a obra destaca a figura de uma mãe e filho abraçados. Logo abaixo, a frase “Proteger o planeta é um ato de amor” indica que não é uma escultura qualquer: mas sim de uma peça de campanha em prol das gerações futuras. O Rio de Janeiro começou a receber a mobilização iniciada pela Avaaz chamar a população a participar da caminhada pelo clima - Rio, um evento ligado a outros 1,5 mil que aconteceu simultaneamente em 21 de setembro pelo mundo.


A ideia é reunir a população para exigir que os governos se comprometam a adotar fontes de energia 100% limpas até 2050. A caminhada aconteceu 2 dias antes da abertura da Cúpula de Líderes pelo Clima, convocada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, que ocorrerá em Nova York. A presidente Dilma Rousseff é convidada. Ban Ki-moon, que apoia a mobilização, reservou 20 minutos na reunião nos quais serão exibidas imagens das manifestações.

“Nossos líderes colocaram os interesses econômicos de seus países à frente do futuro da humanidade por tempo demais”, afirma Michael Freitas Mohallem, diretor de campanhas da Avaaz. “Marchas similares à do Rio ocorrerão em Nova York, Berlim, Paris, Londres, Melbourne, Bogotá e Vancouver, além de mais de mil pequenos eventos de apoio.”

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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

MP quer suspender 3 hidrelétricas no Mato Grosso do Sul

O Ministério Público Federal recomendou ao órgão licenciador do governo do Mato Grosso do Sul a suspensão do processo de licenciamento ambiental de três Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), planejadas para serem construídas na bacia do Rio Amambai, na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Os empreendimentos afetarão aldeias e sítios arqueológicos existentes no local.

Nos Estudos de Impacto Ambiental não constam consultas aos índios que serão afetados pela obra, nem a autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Para dar o parecer, o Iphan é obrigado a realizar estudos sobre o potencial de dano aos sítios arqueológicos existentes nas áreas impactadas pelas PCHs Foz do Saiju, Barra do Jaguari e Bela Vista, todas no Rio Amambai.

Já a Funai só poderá se manifestar após realizar consultas prévias às comunidades indígenas afetadas. De acordo com o MP, podem ser potencialmente afetadas, direta e indiretamente, as Terras Indígenas Amambai, Guaimbé, Jaguari, Jarara e Rancho Jacaré, todas homologadas e demarcadas pelo governo federal.

O órgão responsável pelo licenciamento em Mato Grosso do Sul, o Imasul, não levou em conta o que determina a Constituição Federal, sobre a obrigatoriedade de consultar os indígenas sobre obras que impactam suas comunidades. Além disso, os Estudos de Impacto Ambiental apresentados estão incompletos, não abrangendo o trabalho de recuperação de áreas degradadas ao longo do rio, nem medidas compensadoras de eventual supressão e deslocamento de áreas de preservação permanente e reserva legal das propriedades atingidas pelos empreendimentos.

O Imasul e Iphan terão 30 dias de prazo, a partir do recebimento, para responder se acatam ou não a Recomendação do MPF. “A ausência de resposta poderá levar ao ajuizamento das ações cabíveis”, diz a nota.

Empreendimentos

De acordo com os Relatórios de Impacto Ambiental, a PCH Foz do Saiju abrange os municípios de Amambai, Juti, Caarapó e Laguna Carapã. O empreendimento terá a capacidade instalada total de 20 megawatts e a estimativa do custo é de R$ 80 milhões de reais.

Já a PCH Barra do Jaguari localiza-se entre os municípios de Amambai e Laguna Carapã, com capacidade para gerar até 29,7 megawatts. Estima-se o custo de R$ 118,8 milhões. Os dois projetos são da empresa Sigma Energia.

Há, ainda, a previsão de instalação da PCH Bela Vista na mesma bacia hidrográfica, com capacidade para gerar 21,9 MW. O custo total do projeto está estimado em 87,6 milhões de reais.

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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Manaus: Linhão de Tucuruí ameaça Reserva Ducke

O cenário já era ruim. O Linhão de Tucuruí iria passar bem perto, quase tocando os limites da Reserva Florestal Adolpho Ducke, um bloco com quase 10 mil hectares de floresta ao norte da cidade de Manaus, administrado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). A fragmentação decorrente dessa passagem causaria problemas. Um deles é o efeito borda, ressecamento e morte de árvores a partir dos limites da área desmatada em direção o interior da floresta. Outro é o isolamento das plantas e animais que vivem na área, que podem perder a conexão com o bloco de floresta do entorno.

Agora, ficou pior. Pesquisadores do Inpa denunciam que o Linhão está cortando uma parte da reserva. Eles visitaram o local e prepararam um relatório, que demonstra que árvores foram cortadas e que estradas clandestinas foram abertas dentro da Reserva Ducke. "O projeto não foi realizado da maneira original. Ou seja, ele cortou uma parte do canto inferior da Reserva Ducke, cerca meio hectare, com corte raso", afirma o coordenador de Dinâmica Ambiental do Inpa, Paulo Maurício de Alencastro Graça.

Ele explica que entre os efeitos deste desmatamento está o aumento do risco de incêndios, devido à maior incidência de luz solar e um ambiente mais seco. Além disso, acessos abertos na área estão facilitando a entrada de pessoas na Reserva. "Noś verificamos que existe corte ilegal de madeira dentro da reserva e caminhos clandestinos", diz Paulo Maurício.

A obra foi licenciada pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), mas os pesquisadores já estavam preocupados com os efeitos da obra, antes de denunciarem as diferenças entre o trajeto executado e o previsto. Marcelo Gordo, coordenador do Projeto Sauim-de-coleira da Universidade Federal do Amazonas, afirma que a população desses primatas na área pode ser inviabilizada em médio e longo prazo. "O problema com o linhão é que ele é um importante passo para o isolamento da Ducke e para urbanização do entorno da Reserva", afirma o biólogo. "Vai tornar ainda mais distante a possibilidade de conectar as populações de fragmentos florestais urbanos a uma população viável de sauins".

Na última semana de agosto, para apresentar o problema, os pesquisadores se reuniram com representantes da Ordem dos Advogados do Brasil, advogados do Inpa e também da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa. O Ministério Público Federal, que também deveria participar da reunião, não compareceu. O representante da Assembleia Legislativa questionou não apenas a atitude da Eletrobrás, responsável pela obra, e do Ipaam, que concedeu o licenciamento, mas também do Inpa, que segundo ele deveria ter tomado providências para evitar os danos à reserva.

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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Parauacu: estudo descreve cinco novas espécies destes primatas

Pithecia pithecia

Foram dez anos de pesquisas, que levaram a primatologista Laura K. Marsh, diretora do Global Conservation Institute, a 36 museus de várias partes do mundo e às florestas da Amazônia. Ela analisou 690 crânios e também centenas de fotos de vários parauacus, para fazer uma revisão daquilo que a ciência conhece sobre estes tímidos macacos, que dificilmente são avistados na floresta. Tanto trabalho trouxe uma revelação gratificante: cinco novas espécies do gênero Pithecia foram descobertas, entre elas três endêmicas do Brasil.

Os parauacus são primatas de porte médio, que pesam entre 1,5 e 4 quilos quando adultos e medem até 1 metro de comprimento, incluindo a cauda que é um pouco maior do que o corpo. A cauda é bastante peculiar, mais grossa do que de outros primatas da região. Eles são encontrados na Amazônia desde o Planaldo das Guianas até a Bolívia, e desde a Cordilheira dos Andes até a região do Rio Xingu. Eles sofrem, como outros animais, com a fragmentação da floresta e também com a caça. Sua carne é uma das preferidas de tribos indígenas do Suriname.

O estudo foi apresentado durante 25o Congresso da Sociedade Internacional de Primatologia, que aconteceu no mês passado em Hanoi, Vietnã, e publicado recentemente na revista científica Neotropical Primates. Ele faz uma revisão das, agora, conhecidas 16 espécies. "Eu comecei a suspeitar que poderiam existir mais espécies de parauacus, quando fiz uma pesquisa de campo no Equador", conta Laura Marsh. "Quanto mais eu via, mais percebia que os cientistas tinham confundido suas avaliações sobre a diversidade de parauacus durante mais de dois séculos", completa.

Repercussão

"O Brasil é o país com maior diversidade de primatas do mundo. Com as novas descrições já se conhecem 145 espécies."

Anthony Rylands, pesquisador sênior da Conservação Internacional, destacou que a descoberta das novas espécies é um grande passo para compreender a diversidade de primatas na Amazônia e no mundo, além de ser vital para a conservação delas. Uma das espécies descritas recebeu o nome em homenagem a ele: P. rylandsi, encontrada entre Brasil, Peru e Bolíva.

Outro homenageado foi o presidente da Conservação Internacional e dirigente do Grupo de Especialistas em Primatas da IUCN, Russel Mittermeier, que fez estudos sobre o gênero e identificou a preferência de índios do Suriname por caçar parauacus. O P. mitermeieri é endêmico do Brasil, encontrado entre os rios Madeira e Tapajós. "Esses animais estão se tornando cada vez mais importantes na economia das comunidades locais para o ecoturismo, com base no modelo de observação de pássaros e aves de listagem de vida ("life lists"), que se tornou uma indústria multi-bilionária em todo o mundo", afirma Mittermeier.

O Brasil é o país com maior diversidade de primatas do mundo. Com as novas descrições já se conhecem 145 espécies. E é quase uma certeza de que não vai parar por aí.

Novas espécies

Pithecia cazuzai


Espécie endêmica, encontrada na região da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá, interior do Amazonas. Nome é uma homenagem ao primatologista brasileiro José de Souza e Silva-Júnior, curador da coleção de mamíferos do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém (PA).

Pithecia mittermeieri


Batizado em homenagem a Russel Mittermeier, presidente da Conservação Internacional. É encontrado no interflúvio dos rios Madeira e Tapajós, desde Rondônia até o rio Amazonas. Também é endêmico do Brasil.

Pithecia pissinattii


O nome é uma homenagem ao veterinário Alcides Pissinatti, diretor e co-fundador do Centro de Primatas do Rio de Janeiro e vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências Veterinárias. Pissinatti é também pioneiro na reprodução em cativeiro de primatas brasileiros ameaçados de extinção.

Pithecia rylandsi


Encontrado no Sul da Amazônia, desde a tríplice fronteira Brasil-Bolívia-Peru, até o Mato Grosso. O nome é uma homenagem ao pesquisador sênior da Conservação Internacional Anthony B. Rylands.

Pithecia Isabela


Endêmico do Peru. O nome é homenagem a uma dama do Século XVIII, Isabel Grameson Godin de Odonais, que partiu em uma expedição pela Amazônia na tentativa de encontrar o marido, de quem estava separada fazia vinte anos. Após ficar sozinha, passar 28 dias na floresta, encontrar índios quechua e padres, finalmente o reencontrou.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

ISA promove canoada de adeus ao Xingu

Represado, desviado, impactado: um dos rios mais lindos do país deixará de existir como é para dar lugar a polêmica Hidrelétrica de Belo Monte. Para se despedir da paisagem que já está sendo definitivamente transformada, o Instituto Socioambiental (ISA), junto com a Associação Indígena Miratu Yudjá Xingu (Aimyx), promovem a canoada Bye Bye Xingu, que percorrerá durante 5 dias os 102 km da Volta Grande do Xingu.

Participam da canoada grupos atingidos pela construção da maior obra em andamento no país, como indígenas, pescadores e ribeirinhos. Ativistas de várias partes do país também farão parte. O objetivo, além de ser um protesto, é discutir o futuro da região.

Largada

A largada será dada na manhã desta segunda-feira (08), mas a preparação começou neste domingo, no Centro de Formação Bethânia, espaço que pertence a Prelazia do Xingu e fica a 7 km do centro de Altamira. Neste local, a organização reuniu os guias que orientarão os participantes da expedição. As canoas serão guiadas por indígenas, ribeirinhos e pescadores experientes na navegação no Xingu e recorrerá 112 km.

Os participantes se reunirão a partir das 6h30 desta segunda-feira no porto de Altamira. De acordo com a programação, durante os três dias de remadas, as canoas passarão em frente a barragem principal do rio e ao sítio Pimental, canteiro de obra onde está sendo erguida a casa de força secundária da usina e ao lado do mecanismo de transposição terrestre de barcos, que tem sido avaliado como um transtorno para as comunidades afetadas.

Além disso, a canoada também passará próxima a Terra Indígena Paquiçamba, território do povo Juruna e também vai beirar a região da cachoeira Jeriquá, um dos mais belos trechos da Volta Grande, formado por cachoeiras, pedrais, bancos de areia e ilhas.

Rodas de conversa sobre impactos da hidrelétrica em Terras Indígenas, alternativas energéticas e o futuro da Amazônia vão acontecer todas as noites durante a expedição. A primeira delas vai contar com a presença do ambientalista do Greenpeace Ricardo Baitelo.

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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Desmatamento consolidado: um pouco acima da estimativa

Demorou mas saíram hoje os dados consolidados do desmatamento na Amazônia Legal, que atualizam os dados preliminares, divulgados no final de 2013. A taxa revisada aumentou ligeiramente e mostra que foram desmatados 5.891 km², contra 5.843 km² que se acreditava anteriormente, um aumento de 1%. Apesar do aumento, esse desmatamento ainda é o segundo mais baixo da história da Amazônia Legal, desde que a região começou a ser monitorada pelo INPE em 1988 (veja na tabela abaixo).

Pará e Mato Grosso lideraram o desmatamento no período em números absolutos, com 2.346 km² e 1.139 km² desmatados, respectivamente. Porém, a variação de aumento de área desmatada de um ano para o outro mostra que Mato Grosso e Maranhão são os vilões da lista, cada um aumentou o desmatamento em 50% em relação a 2012.

Acre e Amapá foram os dois únicos estados que conseguiram diminuir o desmate no período entre 2012 e 2013: o Acre diminuiu 28% e o Amapá 15%.

Desmatamento Anual: Amazônia Legal 1988 a 2013

Km²19881989199019911992199319941995199619971998199920002001200220032004200520062.007200820092010201120122013050001000015000200002500021050177701373011030137861489614896290591816113227173831725918226181652165125396277721901414286116511291174647000641845715891

Calendários

Desde 2008, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) faz um esforço para divulgar os dados preliminares do desmatamento no final do ano, durante ocorrência de alguma COP do clima. A tradição de manter um calendário de divulgação começou na COP de Bali (COP-13), ainda durante a gestão de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente.

A divulgação dos dados consolidados não contam com o mesmo costume. Os dados não têm mês certo para sair. Já foram divulgados em agosto, abril, outubro e, nos últimos 2 anos, o governo começou a publicar os dados de validação durante o dia 5 de junho, dia do meio ambiente.

O calendário parecia estar fechado: divulgação do dado preliminar durante as COPs, divulgação da validação em junho. Falso. Após a data não ser respeitada esse ano, o Instituto Socioambiental protocolou ofício requisitando aos ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clélio Campolina Diniz, e do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, acesso aos dados consolidados do Prodes, referentes ao desmatamento de 2013, e aos dados do Degrad referentes a 2011, 2012 e 2013. Assim, foi dado abertura para especulações sobre os números consolidados e o porquê do governo não divulgava logo o número.

Agora, as atenções se voltam para os dados mensais. Tanto o Sistema Deter, do INPE, quanto o Sistema SAD, do Imazon, apontam tendência de alta do desmatamento para esse ano. O número oficial do desmatamento anual sai em novembro, durante a COP de Lima (COP 20).

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Ultrapassamos cada vez mais cedo os limites da Terra

Ultrapassamos o limite de recursos naturais gerados pelo planeta para o ano. A partir dessa data, entramos no cheque especial. Dados divulgados hoje (19) mostram que em 8 meses a humanidade usou todos os recursos naturais disponíveis para os 12 meses do ano. A análise, intitulada Dia da Sobrecarga da Terra, é calculada desde 2000 pela Global Footprint Network. Todo ano a data da conta em vermelho chega mais cedo. Em 2000, o dia da sobrecarga chegou no dia 1º de outubro, 43 dias a mais da data deste ano, quando a sobrecarga chegou no dia 19 de agosto.

Os cálculos afirmam que seriam necessários 1,5 planeta para produzir os recursos ecológicos necessários para suportar a atual pegada ecológica mundial. O Brasil não fica atrás: consume acima de 50% da capacidade anual do planeta. O consumo médio de recursos renováveis do País equivale a 1,6 planetas.

Para Maria Cecilia Wey de Brito, CEO do WWF-Brasil, ONG parceira da Global Footprint Network, o cidadão deve repensar seus hábitos de consumo.

A grande maioria da população mundial (85%) vive em países que demandam mais da natureza do que os seus ecossistemas podem renovar.

“O uso dos recursos naturais acima da capacidade da Terra está se tornando um dos principais desafios do século 21. É um problema tanto ecológico quanto econômico. Países com déficits de recursos e baixa renda são ainda mais vulneráveis. Até mesmo países de renda per capita alta, que tem a vantagem financeira de se bloquearem dos impactos mais diretos da dependência de recursos, precisam saber que uma solução a longo prazo exige abordar essas dependências antes que se transformem numa situação de crise econômica”, afirma Mathis Wackernagel, presidente da Global Footprint Network.


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