Críticos do capitalismo e da globalização voltaram a se encontrar em
centenas de eventos em Porto Alegre e cidades da região metropolitana na quarta-feira do dia 25/01/2012 em uma versão temática do Fórum Social Mundial,
criado em 2001 como um dissenso do encontro econômico anual de Davos.
Além de decretar que Davos "errou" por não prever uma crise econômica
tão longa, as principais vozes à frente do evento social nos últimos 10
anos fizeram o alerta de que o novo erro do Fórum Econômico Mundial é
não se antecipar para os problemas da falta de sustentabilidade.
"Davos está sempre atrasado, faz a velha filantropia" disse um dos
idealizadores do encontro, Oded Grajew.
Mesmo com o anúncio do Fórum Econômico Mundial de que quer debater
neste ano caminhos diferentes para o crescimento e desenvolvimento, a
crítica vinda de Porto Alegre é de que as grandes economias não agem
para resolver as causas - como a desigualdade social.
"O Fórum Econômico dizia que não tínhamos alternativa, por isso
surgiu o Fórum Social Mundial. Davos não conseguiu prever a crise
econômica, nós avisamos que o modelo estava esgotado havia mais de 10
anos. Agora o alerta é ambiental", afirmou Grajew.
A presidente Dilma Rousseff, que chegou a Porto Alegre nesta
quarta-feira, participa na quinta de dois eventos do Fórum Social
Temático. Um com a coordenação do encontro e outro com movimentos
sociais. Uma das cobranças que ouvirá será em relação aos desafios da
organização da Rio+20, que acontece no Brasil em junho.
Em um debate nesta quarta-feira, nomes como a ex-ministra do Meio
Ambiente Marina Silva, o teólogo Leonardo Boff e frei Betto discutiram a
necessidade de uma agenda da sociedade civil para a Rio+20.
"Hoje, não mudar é retroceder. E temos pouco tempo", afirmou Boff.
Ele demonstrou preocupação com a falta de vontade de governos em firmar
compromissos ambientais.
Já Marina cobrou uma posição clara do governo brasileiro. "O Brasil
precisa definir qual sua posição, qual é o modelo que vamos seguir em
relação às mudanças dos modelos de desenvolvimento".
CIDADES
Em Canoas, o Seminário Internacional de Cidades de Periferia reuniu o
francês Jean Paul Le Glou, vice-presidente da organização Plaine
Commune, e o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos.
"Não é possível falar de desafios se as pessoas não têm consciência
da importância de abordar o tema (da sustentabilidade)", afirmou Le
Glou.
Sousa Santos disparou críticas contra a Europa e a demora em resolver
o problema econômico do bloco. "A Europa ditou o que o mundo fazia por
cinco séculos. De tanto querer ensinar, esqueceu de aprender. Só se fala
em crescimento, mas um crescimento insustentável", disse ele.
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